sábado, 6 de setembro de 2008

Eu e meu idealismo

   Depois de um vergonhoso período de inutilidade mental e física, reencontro minhas forças. Meus livros, tristemente abandonados, voltam a me fascinar. Em homenagem a eles, arrumei minha mesa. Foi uma tarefa muito pesarosa. Wainer e Noblat acotovelavam-se, brigando por um espaço no concorrido mercado jornalístico dos meus papéis e quinquilharias.

   Trocadilhos e metonímias idiotas à parte, estive pensando na estrutura social. As iminentes eleições municipais levam-me a refletir sobre os problemas do nosso sistema político-econômico. Conhecimentos adquiridos em aulas de Economia, Sociologia, Direito e Antropologia forneceram-me os subsídios necessários à construção de opiniões mais sólidas. São esboços embaçados de tediosas teorias acerca da organização humana. Meu principal objetivo ao formular essas idéias era, claro, "salvar o mundo". Espero que elas, de alguma forma, prestem-se a esse fim. Entretanto, não tenho muitas ilusões: sou consciente de minhas incapacidades. Apresentar minhas reflexões como uma "teoria" seria caçoar do trabalho dos grandes estudiosos, incrivelmente cultos e perpicazes, que dedicaram suas vidas ao bem comum. Eu ainda vou ter que suar muito para chegar ao nível de consciência dessas grandes figuras.

   Ainda assim, arrisco. Divulgar minhas idéias é a real finalidade deste blog. Elas são imperfeitas, incompletas. Estão em fase de gestação. São fruto das minhas leituras, das minhas impressões pessoais, do discurso de ótimos professores, e, sobretudo, das minhas tendências idealistas. São absurdas. Distorcidas. Foram feitas de boas intenções. E Oscar Wilde já alertou: "toda arte ruim é feita de boas intenções". Mesmo sabendo disso, não posso deixar de me preocupar com as deficiências do meu planeta e de tentar ajudá-lo, com minhas precárias ferramentas. 

   Nas próximas postagens, apresentarei as bases daquilo que eu costumo chamar de "eutopismo". Nada muito importante.

   

   Uma das condições necessárias para que nos tornemos intelectuais que não temem a mudança é a percepção de que não há vida na imobilidade. De que não há progresso na estagnação. De que, se sou, na verdade, social e politicamente responsável, não posso me acomodar às estruturas injustas da sociedade. Não posso, traindo a vida, bendizê-las.

                                                                     Paulo Freire

      

3 comentários:

. disse...

A procura do Gênio.

"É triste pensar assim, mas não há dúvida que o Gênio dura mais que a Beleza. É por isso que todos nós nos esforçamos tanto por nos cultivar. Na luta selvagem pela existência, queremos ter algo que dure e por isso enchemos as nossas mentes de entulho e factos, na esperança vã de mantermos o nosso estatuto. O homem perfeitamente bem informado, é esse o ideal moderno. E a mente do homem perfeitamente bem informado é uma coisa medonha. É como uma loja de bricabraque, só mamarrachos e pó, todas as coisas cotadas acima do seu valor."

(Oscar Wilde, em 'O Retrato de Dorian Gray')

Meu eu-lírico: Acabei de me deparar com uma espécie de autobiografia. Eu a pediria em casamento (se não fosse agnóstico) ou faria propostas indecentes (se não fosse um rapaz respeitável), mas estou prestes a me universalizar na altura dos seus pensamentos. Não há nada mais fabuloso do que a autocrítica! Fizeste tão lindamente, cariño! E aí, contraditoriamente, eu te pergunto: Quer casar comigo?

Laelia disse...

lindo, lindo, lindo.
raro a gente ver uma autocrítica tão maravilhosamente bem-feita.
palmas pra ela!
^^

Mires disse...

Palavras de Sabedoria...
Shaianna: uma das mentes mais incríveis que já tive o prazer de conhecer!!!
;*
te amo!