sábado, 2 de agosto de 2008

Um pouco de melodrama...

   O passar dos anos me amoleceu. Ando muito sensível ultimamente.
   Às vezes, visito a quente e empoeirada salinha onde guardo preciosas recordações. Algumas delas me comovem até as lágrimas, corroendo minhas enevoadas retinas com saudades acridoces. Bagunças no corredor, cartas e bilhetes perdidos, carinhos e abraços e palavras. Gente que eu atazanava, batia, apertava, enchia o saco e amava. Químicas e Físicas e Matemáticas. As muitas coisas erradas que eu disse para a pessoa certa. Os tatamis pretos e azuis empilhados no ginásio. As aulas de Biologia assistidas na lan house. Mochilas entulhadas com dezenas e dezenas de mangás. Instantes de beleza sutil, quase poética. Saudade é um sentimento esquisito.
   Quando deixo a salinha para me concentrar no presente, mais crises de pieguice. Costumo contemplar as expressões distraídas dos meus amigos e colegas de Academia; ao fazê-lo, não posso deixar de me considerar uma baita duma sortuda. Gosto do calorzinho que se espalha por mim nessas ocasiões. É como se eu estivesse prestes a me afogar em areia movediça feita com ternura e algodão-doce. O céu, teimoso e resoluto, continua insistindo em seu clichê: ainda é azul e brilhante, apesar de tudo.
   Houve um tempo em que eu ficava procurando, em vão, o famigerado "sentido da vida". Uma época em que eu era criança demais, tola demais, egoísta demais. Sempre me perguntava por que o bicho-homem é tão apegado à sua existência acidentada, por que faz esforços absurdos para prolongar seus flagelos e transmitir seus legados. E quanto mais eu buscava as respostas, mais eu me perdia... Até que eu parei de me preocupar com isso. Aos poucos, fui descobrindo a luminosidade secreta de tudo que existe ao meu redor. E percebi o quanto as pessoas são importantes, o quanto são importantes seus sonhos e seus sorrisos, suas tristezas e seus abraços. Coisas valiosas demais, que não podem ser medidas, comparadas, definidas, calculadas ou compreendidas. 
   Mas voltemos ao presente. Acho que cresci um pouco depois de tudo. E é isso que eu quero continuar fazendo. Crescer, construir, melhorar em todos os sentidos. Conforme aprendi naqueles tatamis pretos e azuis, onde consegui meus machucados mais queridos: "aprender a cada dia um pouco mais e usar esse aprendizado todos os dias para o bem". Quero adquirir e produzir conhecimento, amar infinitamente todos os que iluminam minha vida das mais diversas maneiras, eternizar cada segundo feliz na minha salinha de recordações e, claro, salvar o mundo.
   Agora, só me resta uma daquelas perguntas metafísicas: por que, mesmo cercadas por todo esse esplendor que é a vida, um número incontável de pessoas ainda se desgasta por coisas vazias, como poder, território, supremacia racial, guerras, preconceitos, holocaustos e xenofobias? Dizem que Adolf Hitler era vegetariano e que considerava a caça um "desperdício da fauna inocente". Vai entender...



   Peço desculpas pelo conteúdo meloso. Eu devo estar ficando velha mesmo...

   Texto dedicado aos amigos que eu atazano, bato, aperto, encho o saco e amo.
 
   

2 comentários:

. disse...

Cá estou, tentando evoluir cotidianamente. Tudo que ganho são questionamentos hiperbólicos sobre a minha existência. Quando os faço, minha família costuma esconder cordas e objetos cortantes. Eu até tento lembrar de algo útil, não obstante, o que me vem à cabeça são as medíocres leviandades humanas. Que eu possa também crescer um dia! (Eu nunca vi um comentário tão egocêntrico! O pior, é que não disfarço falando do texto ou do vídeo... Bipolaridade evidente!)

Ceição. disse...

ceceta de agulha..meninaaa..tu consigui falar,tudo q fica girando aki dentro,q por causa de um posição q de certa forma ja cristalizei,naum admito dar vazão aos sentimentos,+ vc minha flor,vc consigui...e isso naum tem nada de piegas...admiravel,as vezes me pego assim tambem..o importante q é vivemos aquilo.